Ironia e Filosofia


Rebeliões em presídios São Paulo
em Março de 2006. www.estadao.
com.br

Observando o mundo à nossa volta, vemos que todos somos prisioneiros:
os filhos abastados vivem atrás das grades dos condomínios,
cercados de seguranças; os filhos dos pobres são prisioneiros da violência
nas ruas, nos sinaleiros, onde vendem bugigangas. E todos ouvem
falar que a Sociedade Moderna é aquela que melhor realizou o
ideal de liberdade defendido há duzentos e dezesseis anos pela Revolução
Francesa. Como se pode entender neste contexto a afirmação da
liberdade? Não é irônico que aqueles que se dizem livres por ter atingido
o ideal de liberdade proposto pela sociedade capitalista sejam também
prisioneiros do medo e da violência? O que podemos aprender
com esta situação?

O que é Filosofia?

Que relação existe entre a realidade descrita acima e o pensamento
filosófico? A filosofia nasceu como uma forma de pensar específica,
como interrogação sobre o próprio homem como ser no mundo,
quando o homem passou a confrontar-se com as entidades míticas e
religiosas e procurou uma explicação racional para a sua existência e
a existência das coisas. De uma explicação mítica, que entendia que o
homem e todas as coisas tinham sido gerados por deuses, o homem
elaborou novas explicações racionais a partir da reflexão sobre si e sobre
o mundo.
Para tanto, o homem criou novos métodos de abordagem da realidade,
métodos que possibilitavam identificar relações causais, princípios
explicativos existentes nas próprias coisas e que, depois de identificados,
permitiam descobrir uma certa regularidade nos fenômenos
naturais e a criação de instrumentos de medida e de previsão dos
acontecimentos. A filosofia nasceu junto com as ciências, buscou referencial
na matemática, na astronomia e, aos poucos, definiu seus limites
e suas características próprias. Por exemplo: os primeiros relógios,
o da água ou o do sol, iniciaram a medida do tempo. A filosofia
desenvolveu novas leituras da temporalidade, as quais não dependem
necessariamente do relógio, mas certamente a medida do tempo cronológico
tem relações profundas com a reflexão sobre a origem de todas
as coisas, o movimento ou o vir-a-ser, que se tornaram temas recorrentes
na filosofia.

Quando dizemos que os primeiros filósofos pensavam na origem
dos tempos, precisamos lembrar que, para os gregos, não se tratava
do começo dos tempos, mas da participação do homem na ordem universal,
que os gregos denominavam cosmos. A origem pode ser tanto
o começo ou a infância, como a permanência de tudo no movimento
de geração e envelhecimento de todas as coisas, porque não se entendia
um começo e um fim, mas o movimento por meio do qual todas as
coisas se transformavam. Dessa forma, a filosofia era entendida como
teoria, isto é, compreensão do real enquanto movimento. O filósofo é,
na Grécia antiga, o homem que pergunta de modo radical, isto é, busca
a raiz, o significado mais fundo de todas as coisas.

Debate 

Responda as questões abaixo.
1. Que relações podem ser percebidas entre o surgimento da polis grega e o nascimento da filosofia?
2. Quais os sentidos mais comuns da ironia?
3. A partir da leitura do texto de Galeano, disserte a respeito de uma situação do nosso cotidiano que
podemos considerar irônica?
Apresente os resultados à sala para um debate.

As regras para o debate encontram-se na introdução deste livro.


Ruínas de Atenas.

Comentários

Postagens mais visitadas