Racionalização do Mito
Num primeiro momento a
filosofia racionalizou o mito, em seguida despojou-se, das figuras alegóricas
que representavam a origem das coisas adentrando no campo da physis, substituindo
gradualmente às divindades que representavam os elementos da natureza separando
a mesma de sua roupagem mítica, tornando-a objeto de discussão racional: assim
a cosmologia não modifica somente a linguagem, mas muda de conteúdo. Em vez de
descrever os nascimentos sucessivos, definiu os princípios primeiros,
constitutivos do ser. (VERNANT, 1973). Esta forma de raciocinar, de linguagem e
de retórica transcendem o campo da política e se torna o instrumento para
pensar todos os elementos constitutivos da realidade tal qual ela se apresenta
aos gregos.
Os primeiros físicos não
precisaram criar novos elementos para explicar os fenômenos da natureza, eles
já existiam nos mitos, eram representações metafóricas para a Gênese. Contudo,
a cosmologia foi despojando a natureza de suas fundamentações místicas e
tornando ela própria o objeto da especulação racional, alterando desta forma não
só a linguagem utilizada, como também sua estrutura constitutiva. As narrativas
históricas são modificadas para sistemas racionais de exposição dos elementos
integrantes da realidade.
A separação do conceito de
natureza da ideia de divindade é condição para o pensamento racional. Separando
o real em vários níveis e multiplicando conceitos a filosofia ganha objetividade
na medida em que, por meio dela, se distingue com maior precisão as noções de
homem, de natureza, de sagrado, de cultura, entre outras tantas que são
problematizadas pelo intelecto humano. A filosofia se organiza como pensamento
racional juntamente com processo de formação da pólis, constituída por
uma política concentrada na ágora, isto é, na vivência do espaço público de
reunião, de debate e deliberação por parte dos cidadãos.
Pesquisa
Pesquise as características da pólis grega e as condições de sua democracia.
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